Monday, February 19, 2007

União das Nações Indígenas resiste (Jornal - Pagina 20



Juíza concede dez dias para analisar ação de desapropriação

Roque Yawanawa, administrador da Organização de Povos Indígenas


Andréa Zílio

À mercê do despejo, índios instalados na União das Nações Indígenas do Acre (Uni-Acre), conseguem se manter por mais dez dias na sede. A Polícia Federal esteve ontem no local e começou a retirar os imóveis, mas foram interrompidos graças uma decisão da 4a Vara do Trabalho.

O advogado Fábio Porto, da Advocacia Souza e Porto explica que entrou com um pedido de liminar pedindo a suspensão do despejo e uma ação declaratória de inexistência, que pede a anulação de toda a ação movida contra a UNI. Segundo ele, ela anularia todo o processo, dessa forma, o despejo não aconteceria.

Na nova ação, os povos indígenas do Acre defendem a sede da UNI como um patrimônio indígena que não pode ser colocado como pagamento de dívida, já que todo a polêmica se estende por esse motivo.

“Os policiais entraram aqui de forma desrespeitosa, invadindo tudo. Nós queremos lutar por um espaço que é referência dos povos indígenas do Acre”, diz a presidente do Movimento de Mulheres Indígenas, Letícia Yawanawá

Histórico – Segundo Saba Manchineri, administrador da Organização de Povos Indígenas (OPI), em 2000 foi movida ação contra a UNI pela dívida com funcionários e fornecedores, o que deveria ser pago através de um convênio feito com a Funasa. Em 2001, a nova presidência assumiu, mas não negociou a dívida. Desde então o problema só tem aumentado. O Ministério Público Federal determinou o leilão da sede da Uni, que foi arrematada pelo advogado Gumercindo Rodrigues, no valor de R$ 32 mil.

Sede – Há três semanas que a sede da UNI também é espaço de trabalho do Movimento de Mulheres Indígenas e da OPI. Além de ser patrimônio dos povos indígenas, as lideranças alegam que famílias moram na UNI, e cuidam da sede há muitos anos, inclusive, famílias para quem a própria organização deve.

Por enquanto, nos próximos dez dias a sede da UNI permanece com as organizações indígenas, mas eles afirmam que isso não é o suficiente, pois eles querem é de fato, resolver o problema.

Rio Branco-AC, 17 de fevereiro de 2007

Resistência e luta

Povos e organizações indígenas do Acre, Sul do Amazonas e Noroeste de Rondônia resistem a despejo da sede da UNI-AC
Lideranças de povos e organizações indígenas do Acre, Sul do Amazonas e Noroeste de Rondônia, iniciaram nesta terça-feira, 23/01, um movimento de resistência contra o despejo determinado pela justiça do Acre, marcado para o dia 26 deste mês, da casa que foi até hoje a sede da União das Nações Indígenas do Acre (Uni-Acre), arrematada em leilão no valor de 32 mil reais, pelo advogado Gumercindo Rodrigues.
O comprador, que teria fechado o negócio na calada da noite, trabalhou com Chico Mendes e é conhecido como um “companheiro de luta” dos povos da floresta (seringueiros, extrativistas, indígenas). Isso causou estranheza e revolta nas lideranças indígenas, que pretendem mobilizar daqui até a data marcada para o despejo, e o tempo que for necessário, uma centena de líderes indígenas e de outros segmentos sociais para juntos se manifestar, protestar e repudiar este ato de desrespeito cometido contra o movimento indígena da região, que se sente despojado de sua casa.
Para os líderes, “aquele lugar representa, o lar que abrigou nossa resistência à ditadura, os sonhos, as conquistas do movimento como um todo. Foi ali que muitas vezes os velhos companheiros de luta se reuniram para planejar nossos caminhos e construir um governo popular e democrático que reconhecesse nosso valor...”
Por esses motivos, as lideranças dos povos e organizações indígenas do Acre, Sul do Amazonas e Noroeste de Rondônia, se propõem resistir ao mandato judicial de despejo. Reafirmam esta decisão numa “Carta de Protesto e Resistência” divulgada na tarde da segunda-feira, 22/01: “o movimento vai resistir, unirá forças para enfrentar esta ordem de despejo, estaremos juntos índios e não índios, companheiros de luta para defender aquilo que nos pertence. Não queremos desrespeitar a justiça, mas queremos dela justiça, afinal este cidadão fez tudo calado, às escuras, na intenção de que ninguém soubesse que ele queria ganhar este patrimônio no valor de R$ 32.000,00. Cadê o companheirismo de luta, na qual este senhor viveu ao lado de Chico Mendes e dos povos da floresta (seringueiros, extrativistas, indígenas)”.
Os indígenas mobilizados pedem de todas as instituições e organizações aliadas do movimento indígena o apoio necessário para a defesa deste patrimônio histórico de seus povos e organizações.

Manaus, 23 de janeiro de 2007.

A SITOAKORE finaliza com sucesso a parceria com o Governo do Estado do Acre

O apoio do Governo do Estado do Acre, atraves da Secretaria Extraordinária da Mulher – SEM, foi gratificante e excepicionalmente importante para que a SITOAKORE pudesse estar proxima das comunidades indígenas. Realizou-se os Encontros Regionais nos municipios de Boca do Acre, Pauini, Jordão, Cruzeiro do Sul, Assis Brasil e a I Reunião do Conselho Deliberativo e Fiscal”. A proposta era trabalhar as Terras Indígenas do Acre, porem a relação forte e histórica dos Povos Indígenas do Sul do Amazonas e Noroeste de Rondônia com o Acre facilitou a extensão do apoio governamental com estas comunidades, todas justficaveis pela relação já existente em algumas ações do governo. Cresce o Estado do Acre, cresce a organização e fortalece o movimento indígena. Desta forma, é possivel conhecer de perto a realidade de cada povo, suas dificuldades, seus avanços, desejos e assim construir de forma participativa as propostas. Esta foi a 1ª etapa “diagnosticar e encaminhar”, agora vamos partir para a construção de uma reunião ampliada com todas as representaçãoes e elaborar um planejamento para os anos 2007/2008.
A SITOAKORE se sente fortalecida e realizada, no ambito de suas propostas que é desenvolver trabalhos que melhore a qualidade de vida das comunidades. O projeto nos possibilitou cresce como instituição, de forma organizacional e politica, assim como nos possibilitou ter mobilidade e autonomia para desenvolver um trabalho politicamente correto e coerente que é ouvir as bases e com a base caminhar as propostas que venham contribuir para melhor condição de vida dos povos ndígenas.

Encontro Regional de Mulheres Indígenas de Assis Brasil/Acre

O encontro aconteceu nos dias 17 e 18 de novembro de 2006, no Centro Diocesano de Assis Brasil com a participação de Lideranças, professores, agentes de saúde, parteiras e pajes. O evento foi coordenado por Letícia Luiza (Coordenadora) e Edina Carlos Brandão (Vice-coordenadora).O encontro reuniu 40 participantes, com objetivo de realizar um planejamento participativo, com representantes indígenas do Povo Jaminawa e Manchineri. O encontro ontou com apresentação cultural dos participantes e a presença de autordades municipais (Vice Prefeito) e Secretário dos Povos Indígenas (Francisco Pinhanta)

Descrição dos Povos Indígenas

Os Jaminawas presente no encontro, parte deles vieram do município de Sena Madureira (Terras Indígenas do Rio Caeté e do Guajará) e uma outra parte veio das Cabeceiras do Rio Acre localizada no município de Assis Brasil.

Os Manchineri a sua maioria vieram da Terra Indígena Mamoadate, a maior de todas as Terras Indígenas do Acre, com uma população de 937 manchineri. A terra indígena Mamoadate é ocupada também pelos jaminawas, com uma população de 168 pessoas. No entanto, os Manchineri também se encontram no Seringal Guanabara, localizado no município de Sena Madureira, com uma população de 166 pessoas.
Os resultados dos trabalhos foi apresentado pelos representantes de cada grupo, descrevendo suas necessidades.
Grupo 01 – Povo Jaminawa
 Capacitação das parteiras indígenas no conhecimento tradicional;
 Rebolsamento para as parteiras:
 Kits completos para trabalho;
 Transporte Fluvial;
 Valorização do artesanato jaminawa;
 Intercâmbio com outros parentes (parteiras e artesãs);
 Oganização das mulheres Indígenas;
 Valorização e respeito e respeito de todos os conhecimentos tradicionais das mulheres jaminawas;
 Mais capacitação das conselheiras e representantes das mulheres jaminawas;
 Combate ao alcolismo nas aldeias;
 Revitalização do cultivo da medicina tradicional;
 Elaboração de projetos;
 Apoio ao plantio de shuri (daime).
Grupo II – Povo Manchieri

 Revitalização da medicina tradicional para os povos indígenas;
 Precisamos de apoio para revitalização do artesanato na nossa aldeia;
 Curso de capacitação para ndígena de saúde;
 Curso de corte e costura;
 Necessidade de ajuda para o estudante indígena;
 Kit para o melhoramento do artesanato manhineri;
 Curso de aperfeiçoamento para parteiras;
 Salário para parteiras;
 Placa solar e bateria.
Durante o encontro realizamos a escolha de representantes de cada povo para junto com a organização realizar um trabalho participativo. O escolhido do povo Manchineri foi Jair e Júlio, ficando Alice como representante dos Jaminawa de Sena Madureira.
O encontro foi avaliado com significativo é importante para as comuniades ali representadas. Onde alguns falas foram destacadas, tais como:
"Jaime – Foi importante o encontro , no entanto considerou pouco o tempo.¨"
"Marines Jaminawa – Agradeceu a organização esta vindo e trazendo incentivo, bem como ouvindo e levando as reivindicações das comunidades."
"Agostinho (liderança) – fala que o encontro é importante para o Povo Jaminawa."
"Osvaldo – diz que foi muito bom o encontro e ver juntos os dois (02) Povos pela primeira vez nessa região."
"Clarice – fala que não foi melhor porque a liderança não acompanhou."
"Valdo – avaliou que pensava que nunca ia acontecer esse encontro, principalmente este promovido pelas mulheres indígenas, e que já participou de muitos encontros, mas estava presente só mulheres brancas, mas agora ver que as mulheres indígenas também tem poder."
desta forma a organização deseja cumprir em 2007 um trabalho encima das revendicações destas comunidades.