União das Nações Indígenas resiste (Jornal - Pagina 20

Juíza concede dez dias para analisar ação de desapropriação
Roque Yawanawa, administrador da Organização de Povos Indígenas
Andréa Zílio
À mercê do despejo, índios instalados na União das Nações Indígenas do Acre (Uni-Acre), conseguem se manter por mais dez dias na sede. A Polícia Federal esteve ontem no local e começou a retirar os imóveis, mas foram interrompidos graças uma decisão da 4a Vara do Trabalho.
O advogado Fábio Porto, da Advocacia Souza e Porto explica que entrou com um pedido de liminar pedindo a suspensão do despejo e uma ação declaratória de inexistência, que pede a anulação de toda a ação movida contra a UNI. Segundo ele, ela anularia todo o processo, dessa forma, o despejo não aconteceria.
Na nova ação, os povos indígenas do Acre defendem a sede da UNI como um patrimônio indígena que não pode ser colocado como pagamento de dívida, já que todo a polêmica se estende por esse motivo.
“Os policiais entraram aqui de forma desrespeitosa, invadindo tudo. Nós queremos lutar por um espaço que é referência dos povos indígenas do Acre”, diz a presidente do Movimento de Mulheres Indígenas, Letícia Yawanawá
Histórico – Segundo Saba Manchineri, administrador da Organização de Povos Indígenas (OPI), em 2000 foi movida ação contra a UNI pela dívida com funcionários e fornecedores, o que deveria ser pago através de um convênio feito com a Funasa. Em 2001, a nova presidência assumiu, mas não negociou a dívida. Desde então o problema só tem aumentado. O Ministério Público Federal determinou o leilão da sede da Uni, que foi arrematada pelo advogado Gumercindo Rodrigues, no valor de R$ 32 mil.
Sede – Há três semanas que a sede da UNI também é espaço de trabalho do Movimento de Mulheres Indígenas e da OPI. Além de ser patrimônio dos povos indígenas, as lideranças alegam que famílias moram na UNI, e cuidam da sede há muitos anos, inclusive, famílias para quem a própria organização deve.
Por enquanto, nos próximos dez dias a sede da UNI permanece com as organizações indígenas, mas eles afirmam que isso não é o suficiente, pois eles querem é de fato, resolver o problema.
Rio Branco-AC, 17 de fevereiro de 2007