Sunday, April 12, 2009

1ª Assembléia Extraordinária do Conselho Deliberativo SITOAKORE


Ata da 1ª Assembléia Extraordinária do Conselho Deliberativo convocada pela Coordenação da Organização de Mulheres Indígenas do Acre, Sul do Amazonas e Noroeste de Rondônia para tomar conhecimento dos fatos envolvendo o nome da organização e deliberar os encaminhamentos necessários para manutenção dos respeito às decisões dos povos indígenas a qual a organização representa.

Aos quatro dias do mês de março de 2009, reuniram-se em Assembléia Extraordinária no Centro de Formação dos Povos da Floresta, localizado na Rodovia AC 90, Km 08, no município de Rio Branco, Estado do Acre, os membros do conselho deliberativo, conselho fiscal, lideranças indígenas e representantes das organizações indígenas do Acre, Sul do Amazonas e Noroeste de Rondônia para deliberarem os encaminhamentos necessários para manutenção do respeito às decisões dos povos indígenas a qual a organização representa. A Sr. Francisca Oliveira de Lima Coordenadora da SITOAKORE, abriu a Assembléia com a primeira chamada do Conselho, não havendo quorum, após trinta minutos realizou a segunda chamada a qual confirmou-se a presença de Francisco de Souza, Fernando Rosa da Silva, Clemilda Manaitá , Francisca Antonia de Lima membros do conselho deliberativo, lideranças e representantes das organizações indígenas de base todos descritos em lista de presença em anexo, foi lido o convite de convocação com a pauta a ser discutida. A abertura da reunião deu-se com uma apresentação cultural do povo Hunikui. Em seguida foi realizado uma apresentação do histórico da organização pelas senhoras Edina Carlos Brandão Shanenawa (Vice-coordenadora), Dalvanir Justino de Araújo (Tesoureira) e Maria de Socorro Justino Araújo Apurinã (representante de Mulheres Indígenas da região de Boca do Acre), os objetivos e linha de ação desenvolvida pela organização e os projetos executados. Em seguida a Sr. Francisca Oliveira de Lima faz um relato dos últimos acontecimentos, informando a todos de que a as senhoras Letícia Luiza Yawanawa, Nazaré Apurinã e Ivanilde Shanenawa se denominaram como comissão da SITOAKORE, se utilizando da logo da organização e assim encaminhando documentos para as instituições, a exemplo de documento expedido para a convocação de uma Assembléia Geral da SITOAKORE. A mesma confirma tais fatos com cópias dos referidos ofícios encaminhados para que os participantes possam ver a veracidade dos fatos. Em seguida a Sr Francisca, relata que outro dia foi participar de uma reunião do CEDIM e ao chegar a Sr. Letícia se encontrava e assinando havia como SITOAKORE, bem como ocupado uma vaga no referido conselho do CEDIM, em seguida circula cópia da relação nominal do Conselho do CEDIM. A Sr. Francisca considera esta situação desagradável. Em seqüência a Sr. Francisca Oliveira de Lima, relata que durante a reunião preparatória do Forum Social Mundial esta comissão realizou uma Assembléia Geral da organização e nomeando uma coordenação, no entanto a mesma não conseguiu registrar a referida Ata desta assembléia. A Sr. Francisca considera tais fatos um desrespeito ao movimento indígena e ao estatuto desta organização, demandando a convocação desta reunião para que o Conselho, lideranças indígenas e as organizações indígenas da região de sua abrangência tome conhecimento dos fatos e assim delibere os encaminhamentos necessários. Objetivando maiores esclarecimentos sobre os acontecimentos a SITOAKORE convidou o Sr. João Tezza Filho advogado para esclarecer quais os procedimentos legais cabíveis nesta circunstâncias. Desta forma, o advogado faz os esclarecimentos necessários, respondendo as perguntas dos participantes e esclarecendo que o uso indevido da identidade da SITOAKORE é crime. Após os esclarecimentos jurídicos, a Sr. Francisca dar continuidade ao relatos, voltados as perdas que a organização sofreu, pois no período em que aconteceram a referida assembléia, esta foram impedidas de se reunirem com um financiador em Belém, causando constrangimento e perdas. Os relatos continuam e a mesma conta que estas pessoas tem recebido apoio da FUNAI na pessoa do Sr. Antonio Apurinã, que é esposo da Sr. Letícia Luiza Ywanawa, pois o mesmo tem nestes últimos meses apoiado estas atitudes que resultaram em brigas e divisão do movimento de mulheres, além de desrespeitar a decisão das comunidades, um outro fato é a participação do Sr, Jacó Piccoli que esta por trás destas ações, considerando um caso grave, pois fica a estimular o grupo a realizar estas e outras atividades, além de disponibilizar na instituição pública a qual coordena um centro de antropologia salas para o funcionamento da SITOAKORE sob a coordenação da Sr. Nazaré Apurinã e a OPIN sob a coordenação da Sr. Letícia Luiza Yawanawa. Diante dos fatos expostos pela coordenação da SITOAKORE o conselho deliberativo reuni-se para discutir e analisar os fatos constatado. Desta forma, o conselho deliberativo após reunião de avaliação apresenta aos demais membros, lideranças e organizações indígenas as seguintes resoluções:

1 - Avaliou-se enquanto correto e positivo a iniciativa da atual coordenação da entidade juntamente com os conselheiros presentes (em anexo na lista de presença) realizar neste momento esta Reunião Extraordinária com ampla participação de representantes de organizações e lideranças indígenas de base;

2 - Aprovou as atividades de execução da primeira parcela de recursos financeiros descentralizada pelo Projeto da SITOAKORE/PDPI e a iniciativa da organização em buscar parceria com organismos do Estado para consolidar a reforma e estruturação da sede da entidade;


3 Estabelece mais uma vez através desta RESOLUÇÃO que todos os projetos desta entidade devem ser construídos e elaborados e executados de forma participativa e dentro dos interesses coletivos das comunidades indígenas;

4 Deliberou sobre a necessidade de realizar uma criteriosa revisão e reforma do estatuto e principalmente nos seus objetivos na próxima assembléia da entidade;


5 Deliberou ainda pela Elaboração de um planejamento estratégico visando a realização das atividades a serem executadas pela coordenação a partir das demandas apresentadas pelas bases;

6 Deliberou que as senhoras Maria de Nazaré Apurina, Letícia Yawanawa, Elza da Silva Severino e Maristela Brandão Gomes, não faz parte da coordenação atual da SITOAKORE e não estão autorizados a falar ou representa a mesma em qualquer estância governamental e não governamental, somente a atual coordenação da SITOAKORE eleita no decorrer da Assembléia realizada na Terra Indígena Puyanawa em outubro de 2008, composta pelas indígenas: Coordenadora Francisca Oliveira de Lima - Arara, a Vice-Coordenadora Edina Carlos Brandão – Shãnenawa, a Tesoureira Dalvanir Justino de Araújo Apurinã, a Secretaria Francisca das Chagas Nawa, tem a legitimidade de representar e da continuidade os trabalho da entidade;

7 Deliberou que a SITOAKORE contrate uma assessoria jurídica para procedimentos legais com objetivo de tomar providencias cabíveis aos atos cometidos pelas senhoras Maria de Nazaré Apurina, Letícia Yawanawa e Ivanilde Brandão Shanenawa pelo uso indevido ao assinarem documentos em nome desta organização;

8 Deliberou que a Comissão que foi constituída nos ultimo meses presidida pela a senhora Letícia Yawanawa e todos os seus membros que se diz representar o movimento indígena do Acre, Sul do amazonas e Noroeste de Rondônia, não é legitima, e não estão autorizado a falar ou representar as comunidades e organização do movimento indígena junto aos órgãos governamentais e não governamentais.

9 Considerando este comportamento institucional injusto e até irresponsável este Conselho deliberou-se por encaminhar através desta Resolução Denuncias Dirigidas a Presidência da FUNAI, Reitoria da UFAC, Governo do Estado do Acre, Ministério Publico Federal e Estadual e as Organizações Indígenas e parceiras;

10 Fica proibido o uso indevido da logo marca da SITOAKORE sem prévia autorização da coordenação da entidade;

11 Declara a quem possa interessar que a Sr. Letícia Luiza Ywanawa não tem autorização para representar o movimento indígena do Acre, Sul do Amazonas e Noroeste de Rondônia;

12 Deliberou que seja encaminhado um pedido de desculpas a instituição apoiadora do projeto de capacitação de parteiras indígenas.



Após a leitura das considerações dada pelo Conselho Deliberativo as representações de organizações e lideranças indígenas que tomaram parte desta reunião ouvindo os informes e visualizando os documentos apresentados pela atual coordenação da SITOAKORE, aprova e acata todas as resoluções tomadas pelo conselho e reforça seu apoio a SITOAKORE conduzida pelas senhoras Francisca Oliveira de Lima – Arara (Coordenadora), Edina Carlos Brandão – Shãnenawa(Vice-Coordenadora), Dalvanir Justino de Araújo Apurinã (Tesoureira), Francisca das Chagas Nawa (Secretária) e considera que o maior problema enfrentado pela atual coordenação desta entidade é decorrente de ingerências praticadas por dirigentes de instituições publicas, que ao invés de olhar, receber e tratar com os indígenas e suas organizações como clientes preferem muitas vezes agir com plena parcialidade o que tem acirrado os ânimos de grupos de pessoas concorrentes e resulta em conflito e divisionismo interno das entidades indígenas. Em seguida foram os trabalhos encerrados eu Kym Yarzon Martins lavrei e assinei a presente ata, que após lida e aprovada vai assinada pelos membros do conselho deliberativo desta organização e demais lideranças e representantes das organizações indígenas presentes na assembléia.




KYM YARZON MARTINS

Secretário


FRANCISCA OLIVEIRA DE LIMA
Coordenadora Geral








Relação Nominal dos Participantes
Francisco de Souza
Organização dos povos Indígenas Apurinã e Jamamadi de Boca do Acre/AM - OPIAJBAM
Conselho Deliberativo Jamamadi
Boca do Acre/Sul do Amazonas
Francisco Oliveira de Souza
ASAMI
Coordenador - Apurina
Boca do acre/Sul do Amazonas
Evilásio Roberto Kaxinawa
Representante da Terra Indígena Santa Rosa do Purus/Professor
Kaxinawa
Santa Rosa/Acre
Sivaldo Sereno Kaxinawa
ASKARJ – Associação dos Seringueiros Kaxinawá do Alto Rio Jordão
Secretário - Kaxinawa
Jordão/Acre
Raimundo Paulo Kaxinawa
Representante da Terra Indígena Santa Rosa do Purus/Agente Agroflorestal
Kaxinawa - Santa Rosa/Acre
Fernando Rosa da Silva
Organização de Mulheres Indígenas do Acre, Sul do Amazonas e Noroeste de Rondônia- SITOAKORE¹/
Associação Katukina do Campinas AKAK²
Conselho Deliberativo¹/Vice-Coordenador²
Katuquina - Cruzeiro do Sul/Acre
Adeildo Siqueira
SITOAKORE
Conselho Fiscal - Arara
Porto Walter/Acre
José Nogueira da Cruz
APSIH¹/Organização dos Povos Indígenas do Rio Juruá-OPIRJ²
Coordenador¹/Assesor²
Shawandawa
Porto Walter/Acre
Clemilda Manaitá
SITOAKORE
Conselho Deliberativo/Professora
Puyanawa
Mancio Lima/Acre
Maria de Nazaré Araújo Gadelha
Estudante
Puyanawa
Mancio Lima/Acre
Charle da Silva Luiz Yawanawa
Organização agroextrativista Yawanawa do Rio Gregório -OAYERG¹/Cooperativa Yawanawa - COOPYAWA²
Secretário/Vice Coordenador
Yawanawa
Tarauacá/Acre
Francisca das Chagas Costa Silva
SITOAKORE
Secretaria
Nawa
Mancio Lima/Acre
Kennedy da Silva Araújo Apurinã
OCIAC - Organização das Comunidade Indígenas Apurina Camadani
Coordenador
Apurinã
Pauini/Sul do Amazonas
Maria de S J Araújo Apurinã
SITOAKORE
Representante de Mulheres
Apurinã
Boca do Acre/Sul do Amazonas
Cosma do Nascimento
Organização dos povos Indígenas Apurinã e Jamamadi de Boca do Acre/AM -OPIAJBAM
Conselho Deliberativo
Apurinã
Boca do Acre/Sul do Amazonas
Francisco das Chagas Reinaldo Pereira
OPITAR - Organização dos Povos Indígenas do Rio Tarauacá
Coordenador
Kaxinawa
Tarauacá/Acre
Francisca Antonia de Lima Pereira
SITOAKORE
Conselho Deliberativo
Kaxinawa
Tarauacá/Acre
Valmar Francisco Moreira de Araújo
OPIAC - Organização dos Professores Indígenas do Acre Kaxinawa
Tarauacá/Acre
Edivan Alves da Costa Kaxarari
ACIK - Associação das Comunidades Indígenas Kaxarari
Representante
Kaxarari
Extrema/Noroeste de Rondônia
Americo Costa
Cacique
Kaxarari
Extrema/Noroeste de Rondônia
Jorge Pinheiro Costa
Cacique
Kaxarari
Extrema/Noroeste de Rondônia
Julio Raimundo Jaminawa
ASCOYAC
Coordenador/Professor Aldeia
Jaminawa
Assis Brasil/Acre
Lucas Artur Brasil Manchineri
Manxineryne Ptohi Kajpaha Hajene -MAPKAHA
Coordenador
Manchineri
Assis Brasil
Geraldo Andrade Apurinã
Organização dos povos Indígenas Apurinã e Jamamadi de Boca do Acre/AM -
OPIAJBAM
Coordenador
Apurinã
Boca do Acre/Sul do Amazonas
Orlando Assis Cruz
AKAK - Associação Katukina do Campinas
Coordenador
Katuquina
Cruzeiro do Sul/Acre
Antonio Luiz Batista de Macedo
Mediador/indigenista(FUNAI/Acre)
Rio Branco/acre
Adriano Dias
Relator
Rio Branco/Acre
Francisca Oliveira de Lima
SITOAKORE
Coordenadora
Shanadawa
Rio Branco/Acre
Biraci Brasil
Liderança
Yawanawa
Tarauacá/Acre
Edina Carlos Brandão
SITOAKORE
Vice-Coordenadora
Shanenawa
Tarauacá/Acre
Dalvanir Araújo Apurinã
SITOAKORE
Tesoureira
Apurina
Boca do Acre/Sul do Amazonas



Thursday, September 27, 2007


Tuesday, September 11, 2007

I Encontro de Parteiras e Pajés Indigenas

COTIDIANO
Um parto difícil
Quinhentos anos depois do contato, a medicina científica e a tradicional indígena agora concebem a proposta de trabalhar juntas
Médicos, pajés e parteiras de comunidades indígenas de todo o Estado estão reunidos desde ontem para discutir a medicina tradicional
Juracy Xangai
Atrasada, supersticiosa e até diabólica já foram palavras bastante utilizadas pelos médicos e cientistas para definir a medicina tradicional praticada pelos pajés e parteiras que há milênios garantem a saúde e a sobrevivência dos povos da floresta.
O que pouca gente sabe é que mais de 90% do princípio ativo dos medicamentos que se compram nas farmácias são extraídos de plantas, animais e insetos descobertos pela medicina tradicional e transformados em produtos comerciais pela ciência não-índia.
Médicos, pajés e parteiras tradicionais de comunidades indígenas de todo o Estado estão reunidos desde a manhã de ontem e continuam até a tarde de amanhã o mais amplo debate já realizado com o objetivo de conciliar os princípios das duas ciência de forma que, aprendendo um com o outro, os dois lados sejam beneficiados. É o primeiro Encontro Estadual de Parteiras e Pajés Indígenas.
O evento foi aberto pelo canto de boas-vindas entoado pelas parteiras e pajés do povo shanenawa. Em seguida, a coordenadora da Sitoakore, organização não-governamental que representa as mulheres indígenas do Acre, sul do Amazonas e noroeste de Rondônia, Edna Carlos Brandão, foi enfática: “Este encontro tem como objetivo central o reconhecimento do valor do trabalho de nossos pajés e parteiras que dedicam a vida à medicina tradicional. São eles que, de fato, sempre garantiram a saúde e a sobrevivência de nossas comunidades, embora nem sempre sejam reconhecidos”, lamentou a liderança.
“Nossa ciência muitas vezes expressou um pensamento arrogante de que só nosso conhecimento é que importa, que só ele vale. Mas a verdade é que temos muito a aprender com as comunidades indígenas e demais populações tradicionais. Aprendendo juntos, todos seremos beneficiados”, explicou o secretário de Estado de Saúde, Osvaldo Leal.
Segundo ele, a valorização dessa cultura médica tradicional praticada pelos pajés e parteiras está ganhando cada vez mais força. Tanto que, durante as conferências municipais de saúde, dez representantes das comunidades indígenas foram eleitos delegados para a conferência estadual e um deles para o fórum nacional, que acontecerá ainda este ano, em Brasília. Ele anunciou também a proposta de criação de uma vaga de representante das comunidades indígenas no Conselho Estadual de Saúde.
Aproveitando a ocasião, Leal conclamou: “Trago a inquietação de quem é responsável pelos serviços de saúde e que reconhece nossas limitações para atender comunidades localizadas em pontos tão distantes e isolados. Reconheço também a importância dos trabalho desses pajés e parteiras, mas acho que esse reconhecimento público não precisar ser o ponto de partida, mas de chegada nesse trabalho de valorização da medicina tradicional.”
Já o secretário municipal de Saúde de Rio Branco, médico Eduardo Farias, o qual fará, com eles, nesta terça-feira um amplo debate sobre as perspectivas dos gestores e das políticas públicas de saúde voltadas à saúde indígena, declarou: “Parabenizo todos vocês pelo trabalho que realizam nas aldeias com os pajés, curando e diminuindo o sofrimento das pessoas, e as parteiras na missão de trazer as crianças em segurança para este mundo. Destaco que, em países avançados como a Holanda, 90% das crianças nascem pelas mãos das parteiras. Entendo que nesses 500 anos de choque cultural nós perdemos de aprender muito com as comunidades tradicionais”.
Representando o governo do Estado, o assessor para assuntos indígenas, Francisco Pianko, declarou: “O conteúdo deste encontro trata das coisas mais sagradas dos nossos povos e a base do trabalho que tem garantido a sobrevivência de nossos povos durante os tempos. São práticas que efetivamente existem e salvam pessoas, por isso é tão importante saber valorizá-los e respeitá-los porque muito temos a aprender com eles”.
Dando à luz na floresta
Maria Alves de Souza, ou simplesmente “Manîcá”, como é mais conhecida essa parteira do povo Kaxarari, tem 67 anos. Gerou cinco filhos homens e duas mulheres, fora os cinco abortos, dois mortos pelo sarampo e uma de congestão.
Manîcá não sabe quantas crianças já ajudou a trazer ao mundo, mas lembra que no primeiro parto, ainda com apenas dez anos de idade, aparou o próprio irmão.
“Aprendi tudo com eles, o jeito de examinar a barriga, ajeitar a criança que está fora da posição, os remédios. Naquele tempo a gente não tinha tesoura, então usava uma faca feita com a lâmina do pé de milho porque não dá infecção”, recorda.
Segundo ela, assim que retirava a criança do ventre da mãe, limpava a boca do bebê com um pano para facilitar a respiração, depois o restante do corpo, enrolava num pano e esperava a mãe desocupar (soltar a placenta), só então media três dedos a partir da barriga e cortava o cordão umbilical.
Mas as coisas nem sempre eram tão simples, conforme relata. “Às vezes a criança estava fora da posição, sentada ou em pé. Tirei seis crianças pelo pé. A mais complicada foi uma que nasceu de bunda, já estava toda roxa, então fiz bastante massagem no peito, chupei e assoprei na boca, depois a coloquei emborcada e ela chorou bastante, agora já tem filhos e netos”, afirma. “Não sei quantas crianças já aparei, mas fico muito feliz porque nunca perdi nenhuma delas.”
Após o parto, se houver hemorragia Manîcá prepara um chá com as folhas da runstarri. “Com essa erva hemorragia pára na hora, não deixa dar infecção, nem tontura, nem dor. É uma erva fortificante que faz a mulher engordar e ficar forte, é como uma vitamina.”
Xuraci Xangai - Jornal Pagina 20
11/09/2007

Sunday, September 09, 2007

Novo Endereco da Organizacao

Travessa Alegria 57 - Bairro Santa Quiteria
Rio Branco/Acre
Tel/Fax: 0055 68 32282082
e-mail:sitoakore@yahoo.com.br

Edina Carlos Brandao Shanenawa
Coordenadora Geral

Dalvanir Justino apurina
Tesoureira

Francisca Marines
Secretaria

Silvana Lessa
Assessoria Tecnica

I Encontro Estadual de Parteiras e Pajés Indigenas

A Sitoakore, estara realizando no dia 10 e 12 de setembro o I Encontro Estadual de Parteiras e Pajes Indigenas com a participacao de diferentes representantes indigenas do Acre, Sul do Amazonas e Noroeste de Rondonia. O encontro tem como objetivo reunir parteiras e pajes de diferentes grupos etnicos para trocar experiencia e elaborar propostas e defesa do trabalho realizado por estes profiussionais da floresta.

O encontro aconte em Rio Branco Acre, no auditorio do Pinheiro Palace Hotel.

Apoio
Medico Internacional
Governo do estado do acre
Funasa
Trilha Ambiental

Thursday, March 22, 2007

Parteiras Indígenas do Acre, Sul do Amazonas e Noroeste de Rondônia recebem Prêmio

O trabalho desenvolvido pela GMI e SITOAKORE foi honrado com a premiação do Prêmio "Culturas Indígenas" edição Ângelo Cretã.
"A valorização do trabalho destas mulheres trouxe muitos resultados significativos para as comunidades indígenas. Em muitas areas esta atividade estava sendo substituída pelo atendimento nos hospitais próximos da cidade, fazendo com que as gravidas deixassem de utilizar a medicina tradicional pelo uso direto da ocidental, com este trabalho foi possivel resgatar o costume e tradição milenar e garantir a parteiras indígenas “qualificação à assistência ao parto”. O resgate deste trabalho milenar reduziu o indíce de mortalidade neonatal, melhorou a relação entre os diferenes conhecimentos (Parteiras, Pajés e Agentes Indígenas de Saúde), além de manter vivo os povos indígenas de diferentes culturas, através do nascimento de muitas crianças." (Trecho do Projeto).
Foram aproximadamente 500 projetos apresentados e 82 selecionados, entre eles Parteiras Indígenas. Parabéns a todos as parteiras indígenas e um abraço carinhoso a Silvana Lessa (Assessoria Técnica) que descreveu na integra este trabalho de muitos mãos resultando na conquista do prêmio.

Thursday, March 15, 2007

O Governo do Estado atraves da Assessoria da Governo, convida organização de mulheres indigenas para falar da nova estrutura

Rose (Assessora) ao centro de azul e Leticia a sua esquerda.

A organização das Mulheres Indígenas, participou de reunião com várias representantes de mulheres e Rose (assessora), para falar da construção deste novo momento , onde o governo acaba com a Secretaria da Mulher e começa a estruturar esta Assessoria. A principio a organização sente que as mulheres brancas regridiram, e que a secretaria era um lugar de maior atividade, este era o sentimento de muitas ali presente. No entanto, Rose se coloca a frente para falar deste momento e compartilhar com os movimentos de mulheres presente como será esta mudança e exatamente o que mudou. O processo é essencial, afinal inicia-se um dialogo com os movimentos, é bonito ver este momento do movimento e ver a construção de algo novo, talvez esta seja a diferença entre muitos processos de construção nos governos, " a falta de dialogo e a participação das classes".

Lideres Indígenas reuni-se com Parlamentares


Presidente da Assembléia recebe lideranças e representantes de organizações indígenas para falar sobre a situação da sede da antiga União das Nações Indígenas - UNI. "A oportunidade de colocarmos nossos sentimentos foi um momento muito especial, afinal a casa não é simplesmente uma casa, tem um valor simbolico, tem muita história (Letcia Yawanawa)." O encontro teve alguns encaminhamentos, onde o Deputado Edvaldo (PCdoB) junto com o Deputado Cartaxo, vão realizar conversar com o arrematante do imovel para verificar a disponibilidade de acordo.


Identificação da Foto
Edvaldo (ao centro), Antonio Apurinã (a esquerda do deputado), seguido de Leticia, Silvana e Naluh Goveia

Sede da Organização recebe Naluh Goveia e Lhé




















Naluh Goveia (Deputada Estadual) e Lhé (assessoria do Gabinete do Senador Tião Vianna) visita a sede para conversa com as mulheres. Para o grupo foi uma manhã muito especial, uma conversa descontraída e cheia de expectativas. "Nos sentimos queridas, pois a visita de amigos e muito especial" - Edina Shanenawa. Lhé foi um mobilizador e articulador, ao ligar para os amigos e colocar a situação de preocupação com a ação de despejo, almoçou conosco e contou muitas histórias de nossos parentes, mostrando-se ter vivido bons momentos com velhas e novas lideranças. Naluh tambem foi muito especial e organizou com Edvaldo Magalhães (Presidente da Assembléia) uma reunião para colocarmos a situação para os parlamentares.


Identificação Foto
Lhé e Naluh (sentados na escada)
















Coordenadoria da Mulher da administração Municipal recebe Mulheres Indígenas


Desta vez foi Rose (Coordenadora), que recebe o grupo de mulheres indígenas e ouve das parentes o trabalho que a organização realiza e as preocupações que a organização tem com as familias residentes na cidade. Em 2002 o Grupo de Mulheres Indígenas - GMI, realizou um levantamento na intenção de identificar quantos indígenas vivem na cidade, oque fazem, qual a razão de estarem aqui, qual a etnia. Desta forma parte deste levantamento foi repassado para Rose, objetivando ouvir quais as possibilidades da prefeitura disponibilizar programas que atendam parte desta população que encontra-se muitas vezes ociosa, e necessita de capacitação e programas que venham melhorar a sua capacidade profissional. A organização ouve atentamente a coordenadora e as possibilidades de juntas desenvolverem algum trabalho. Rose tambem tem sido uma grande aliada da organização, especialmente em relação ao problema de despejo em que a organização tem vivido.



Identificação da Foto
Rose (Centro) ao lado Leticia (blusa rosa) seguida de Edina

Mulheres Indígenas conversam representante do Governo na Assembléia


A organização, atraves de Leticia Luiza (Coordenadora), Edina Shanenawa (Vice-Coordenadora), Dalvanir Justino (Tesoureira) e Silvana Lessa (Assessoria Técnica), foram getilmente atendidas pelo Deputado Cartaxo (PT). Diante da situação de despejo vivida pela organização, as mulheres patiram em busca de ajuda. Cartaxo, antes de ser parlamentar tem uma relação muito especial na história do movimento indígena. As mulheres foram bem recebidas e ouviram palavras muito especiais e positivas. " Poucas vezes ouvimos palavras boa de alguém, antes tivessemos aqui, agora sei que alguem pode fazer algo por nos", Leticia Yawanawa, desabafa ao sair da reunião com as parentes e repete novamente esta frase quando ao final do dia recebe ligação do Deputado para lhe dar respostas dos encaminhamentos da reunião realizada pela manhã. Quando a situação da sede se resolver, ou alcamar queremos recebe-lo em nosso escritório para falar de nosso trabalho e mostrar um pouco de nos.

Identificação da Foto
Cartaxo (Blusa Vermelha)
Leticia (Blusa Rosa)
Edina (Blusa Verde)

Coordenação visita parlamentares


SITOAKORE representada pela Edina Shanenawa (Vice-Coordenadora), Dalvanir Jstino (Tesoureira) e Silvana Lessa (Assessoria Técnica) , realizou visita ao escritório da Maria Antonia (Veriadora-PT) e falar sobre o trabalho das mulheres indígenas, assim como expor um pouco de suas preocupações com as familias indígenas que residem no municipio de Rio Branco. Durante a conversa, se colocou a situação de despejo sofrida pela organização que atualmente funciona no prédio da antiga União das Nações Unidas - UNI. A conversa foi muito importante para as mulheres, na qual sentiram a grande sensibilidade de Maria Antonio diante da situação de despejo. Ao terminio da reunião ficaram alguns encaminhamentos, bem como o convite para que Maria Antonia visite o escritório e possa participar de uma reunião com a juventude e moradores do municipio.

Identificação Foto
Maria Antonia (Blusa Creme)
Edina Shanenawa (Bkusa preta)

Sunday, March 11, 2007

Oficina de Troca de Experiência entre Parteiras, Pajés e Agentes de Saúde

Pajés e parteiras indígenas ganham novos conhecimentos sem renunciar a sua cultura
24-Nov-2006
Mais de 380 parteiras indígenas, pajés e agentes de saúde indígena participaram das oficinas realizadas ao longo deste ano para a troca de experiência sobre os cuidados no parto e a saúde nas aldeias.

As oficinas vem sendo realizadas pela Organização das Mulheres Indígenas do Acre, Sul do Amazonas e Noroeste de Rondônia (Sitoakore) liderada pela índia Letícia Yawanawa.

Segundo ela, esse é um trabalho de resgate e valorização das funções das parteiras e pajés que ao longo dos últimos anos foram sendo postos de lado pelas autoridades dos serviços públicos de saúde em seus programas. Assim, possivelmente sem ter esse objetivo, acabaram por prejudicar a força e a continuidade de muitas tradições, que tem sido fundamentais para a agregação social e a sobrevivência dessas comunidades.

“Infelizmente os serviços oficiais de saúde não reconhecem nossas parteiras com seus conhecimentos tradicionais, nem os pajés como nossos médicos que são. Estas pessoas já contribuíram e continuam contribuindo para a sobrevivência de nosso povo e a preservação de nossa cultura”, afirma Letícia.

Ela reclama do fato de que a Fundação Nacional de Saúde (Funasa) quando chama a parteira ou o agente de saúde para um treinamento, não convida junto o pajé que é o primeiro a ser procurado pelas pessoas da aldeia quando sentem problemas de saúde física ou espiritual.

“Essa situação em se que cria uma separação que tradicionalmente não existe em nossa cultura porque pajé e parteira trabalham juntos e tem o respeito de todos. Ao chamar o pajé para discutir as questões da saúde está sendo dado maior valor à pessoa dele, ao mesmo tempo que ele estará aproveitando novos conhecimentos para orientar os jovens e mulheres das aldeias”.

A série de oficinas que vem sendo realizadas nos municípios do Acre, será encerrada em março do ano que vem com a realização de um encontro estadual de parteiras tradicionais e pajés que acontecerá em Rio Branco.

“Nele estaremos discutindo a formação de uma política pública destinada a atender de maneira diferente os serviços de saúde destinados às comunidades indígenas, até porque é possível levar novos conhecimentos às parteiras e pajés sem desrespeitar nossos costumes e tradições”.

Juracy Xangai

Fonte: Página20